quinta-feira, 24 de maio de 2012

DERMATOSES BOLHOSAS AUTO-IMUNES

Doenças cuja manifestação cutânea primária e fundamental consiste em vesículas e bolhas. Ocorrem pela produção de anticorpos contra estruturas específicas da pele. PÊNFIGO FOLIÁCEO Relacionado com auto-anticorpos IgG (predomínio da subclasse IgG4) contra a desmogleína 1 (Dg1 = antígeno desmossomal de 160kd). Na histologia, temos a formação de bolha acantolítica intraaepidérmica alta, na região subcórnea ou granulosa (Dg1 tem maior expressão nas camadas superiores da epiderme). As bolhas contem ceratinócitos acantolíticos e soro e, ocasionalmente, neutrófilos e eosinófilos. Na imunofluorescência direta (IFD) de pele perilesional observamos depósitos de IgG e C3 na superfície dos ceratinócitos em todos os casos ativos. Através da imunofluorescência indireta (IFI) detectamos anticorpos IgG intercelulares circulantes no soro de pacientes com doença em atividade. O substrato mais sensível para esta reação é a pele humana normal e o valor dos títulos de auto-anticorpos apresenta correlação com a extensão da doença. PÊNFIGO VULGAR Relacionado com auto-anticorpos IgG (IgG4) contra a desmogleína 3 (Dg3 = antígeno desmossomal de 130kd) e às vezes adicionalmente contra Dg1. Na histologia, vemos bolha intraepidérmica suprabasal (local de maior expressão de Dg3 na epiderme) contendo células acantolíticas em seu interior. Os ceratinócitos da camada basal podem ter aspecto de “fileira de lápides”. A IFD de pele perilesional mostra depósitos de IgG e C3 na superfície dos ceratinócitos em toda a epiderme em nos casos ativos. A IFI detecta auto-anticorpos circulantes na superfície dos ceratinócitos. Para esta reação, os substratos mais utilizados são pele humana normal e esôfago de macaco. PENFIGÓIDE BOLHOSO Ocorre por auto-anticorpos da classe IgG contra antígenos da placa hemidesmossômica intracelular (BP230Ag1) e glicoproteína transmembrânica cujo domínio extracelular ultrapassa a lâmina lúcida (BP180Ag2). Na histologia, observamos a formação de bolha subepidérmica não-acantolítica associada a infiltrado dérmico composto por linfócitos, histiócitos e numerosos eosinófilos, que são sugestivos da doença. Na IFD, visualizamos depósitos de IgG e C3 na zona da membrana basal. Através da IFI, encontramos IgG (subclasse IgG4), importante para o diagnóstico diferencial do penfigóide bolhoso (PB) com outras dermatoses bolhosas. Para diferenciar o PB da epidermólise bolhosa adquirida (EBA), utiliza-se, na IFI, a técnica de separação dermo-epidérmica com NaCl (salt split skin), na qual há fluoresceína predominante no teto da bolha nos casos de PB e no assoalho da bolha nos casos de EBA. DERMATITE HERPETIFORME (DH) OU DE DUHRING Doença bolhosa crônica associada à enteropatia sensível ao glúten (doença celíaca) clínica ou subclínica em todos os casos. A histologia mostra formação de bolha subepidérmica não acantolítica com infiltrado inflamatório predominantemente neutrofílico (microabscessos) nas papilas dérmicas. Na IFD, temos depósitos de IgA de forma granular, flbrilar ou pontilhada concentrada ao longo da zona da membrana basal e nas papilas dérmicas. A IFI é negativa. Anticorpos IgA contra transglutaminase tecidual (detectada por Elisa) atualmente são considerados diagnóstico sorológico marcador de DH e doença celíaca. Ocorrem reações cruzadas entre os anticorpos que reconhecem as transglutaminases epidérmica e intestinal.

3 comentários:

  1. Rute querida, meus parabéns!
    Fiquei sabendo que vc foi convidada para ministrar uma palestra no congresso europeu de dermatologia.
    Muito legal, vc mais que merece essa conquista, por todo seu carisma e empenho!!
    Saudades das suas postagens!!!
    bjos e melhoras para o baby!

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