quarta-feira, 2 de maio de 2012

BIÓPSIA EM DERMATOLOGIA



A biópsia de pele é ferramenta diagnóstica muito utilizada entre os médicos dermatologistas. Entretanto, sabemos que algumas vezes o resultado anátomo-patológico da biópsia de pele pode não ser considerado satisfatório… Vamos relembrar aqui algumas medidas e precauções que podem ser essenciais para a melhora desses resultados! 
Em primeiro lugar: a comunicação e a boa relação com o médico patologista! Isso começa com o preenchimento adequado da requisição do exame: nome completo, idade, raça, tipo de procedimento realizado (punch, biópsia incisional ou exsicional, curetagem, saucerização…), data do procedimento, topografia e DADOS CLÍNICOS (descrição das lesões, evolução e hipóteses diagnósticas). Recebendo as informações clínicas completas do paciente, o patologista consegue fazer um laudo muito mais esclarecedor para o dermatologista e seu paciente. 
Apesar de sabermos também das implicações estéticas da biópsia para o paciente, para nós, patologistas, quanto MAIS material, MELHOR! A escolha da melhor técnica e do melhor local anatômico para se retirar o fragmento de pele, dependerá  muito da hipótese diagnóstica da lesão. 
Logo após a realização da biópsia, o fragmento de pele retirado do paciente deve ser imerso em uma solução aquosa de formol a 10%. Não esquecer de identificar corretamente o frasco com o nome do paciente e a topografia da biópsia. No caso de biópsia realizada para exame de imunofluorescência, o material pode ser congelado ou preservado no meio de Michel, uma solução de sulfato de amônio tamponado.

Dicas de locais de biópsias incisionais:

Evitar lesões secundárias, como escoriação e infecção secundária
Evitar lesões tratadas
Evitar lesões muito novas ou muito velhas na sua fase evolutiva, pois podem não conter as alterações microscópicas necessárias e específicas para a conclusão diagnóstica 
Sempre que possível, sem prejuízo da adequada amostragem das lesões, evitar áreas esteticamente importantes, de cicatrização difícil (proeminências ósseas), membros inferiores (alterações decorrentes de estase), joelhos e cotovelos (áreas sujeitas a atritos constantes) e áreas com dano solar acentuado
Lesões melanocíticas: sempre que possível, devem ser retiradas completamente, pois permite avaliação da arquitetura da lesão, das margens cirúrgicas e, no caso de melanoma, de parâmetros histológicos como Clark, Breslow, índice mitótico, etc. Se for realizada biópsia incisional  (no caso de dúvida diagnóstica em lesões extensas ou em áreas esteticamente muito importantes, por exemplo), escolher a região mais pigmentada da lesão
Discromias: biopsiar o centro da lesão, na área de alteração mais acentuada da pigmentação; pode ser realizada também duas biópsias, uma da pele normal e outra da pele alterada (devidamente identificadas)
Doenças vésico-bolhosas: escolher lesões lesões recentes, de preferência preservando a integridade da bolha
Suspeita de linfoma: mais de uma biópsia
Erupção polimórfica (com lesões em vários estágios de evolução): mais de uma biópsia
Suspeita de paniculite: biópsia profunda, de preferência incisional, incluindo a hipoderme
Úlcera com suspeita de origem infecciosa: biopsiar no centro da lesão
Úlcera com dúvida de malignidade: biopsiar na borda da lesão, em mais de um local
Para exame de imunofluorescência: escolher pele peri-lesional nas lesões vésico-bolhosas e lesada no lúpus eritematoso
Biópsia de couro cabeludo: incluir hipoderme, onde estão localizados os bulbos pilosos dos pelos terminais; No caso de suspeita de alopécia não cicatricial, pode ser realizada uma biópsia adicional para o patologista fazer cortes transversais e a contagem de folículos pilosos

3 comentários:

  1. A biópsia de úlcera com suspeita de etiologia infecciosa é controversa... Algumas referências indicam o centro da lesão, mas outras indicam sempre a borda da úlcera, seja qual for a suspeita etiológica... Acredito que a biópsia da borda da lesão tem maiores chances de um diagnóstico histológico do que do leito da úlcera.
    Abraço,
    Fernanda

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  2. FEFA,
    PARABÉNS!
    VOCÊ É UMA AQUISIÇÃO VALIOSA!
    AMEI O POST E PARTICULARMENTE PREFIRO RECEBER AS BORDAS... BEM A TRANSIÇÃO COM O LEITO.
    CLARO, DEPENDE DA AMOSTRA, MAS MUITAS VEZES A BIÓPSIA DO LEITO SÓ TRAZ EXSUDATO FIBRINO LEUCOCITÁRIO
    BOM FIM DE SEMANA!

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  3. Doutoras
    No caso de dçs vésico-bolhasas, p/ tentar preservar a integridade da bolha, pode-se usar nitrogenio líquido imediatamente antes da biópsia sem prejuízo do AP? Qual outra maneira de preservar a bolha?
    Obrigada
    Patricia

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